Mesmo com 40 anos de atuação, caso em Piratini assustou o obstetra |
A Polícia Civil através do
delgado Rafael Lopes permitiu recentemente o acesso da impressa à ocorrência
onde a mãe denuncia que o padrasto é o autor de um estupro de uma jovem de 15
anos que resultou em uma gravidez indesejada.
Ocorre que, para livrar-se do ato
criminoso, o padrasto teria adquirido e convencido à garota a ingerir quatro
comprimidos do abortivo Cytotec, vendido geralmente em Pelotas por camelôs que
o adquirem em países de fronteira como Uruguai e Paraguai, já que no Brasil a
fabricação é proibida.
O Fato se deu em 15 de janeiro
deste ano e, mesmo com 41 anos de profissão como obstetra, foi responsável por
assustar o médico Fernando Medina tal o estado em que a paciente deu entrada no
Pronto Atendimento do Hospital Nossa Senhora da Conceição, o que segundo
relata, o fez junto com sua equipe, travar uma batalha para salvar a vida da
menina.
Foi violento. Ela estava com 13 semanas e meia de gestação. Posso dizer que a garota esteve na berlinda, quase
morreu. Deu entrada com choque hemorrágico, perdendo muito sangue e a pressão
arterial foi a sete por quatro. Lutamos para conseguir salva-la e, quando a
estabilizamos para poder enviar ao Hospital São Francisco em Pelotas, foi que,
através de uma enfermeira com quem a deixei, ela confessou o uso do Cytotec –
relata o médico.
Conforme o obstetra, a paciente
falou que fez uso de quatro comprimidos, o que o leva a desconfiar pelo seu
estado, que cada foi de doses quatro vezes maiores do que o utilizado em Centros
Obstétricos para este fim quando necessário.
Medina explica que o medicamento
fabricado para tratar doenças gástricas, mas que foi proibido no Brasil há mais
de duas décadas porque entre os efeitos colaterais estão cólicas fortíssimas,
contrações uterinas aceleradas e descolamento da placenta, hoje tem outra
versão com o mesmo princípio ativo fornecido para unidades de saúde e só pode
ser indicado e usado pelo especialista.
- Ele é extremamente controlado,
mas, as pessoas tem acesso à versão proibida no país e fazem uso conforme a
orientação de quem o vende, sem a dosagem e a quantidade corretas. Tem muita
gente ganhando dinheiro com isso – estima.
Fernando Medina conta que em mais
de quatro décadas de atuação, não foram poucas as mulheres que, grávidas, o
procuram para saber a dose ideal ou pedir a indicação. Um caso não lhe sai da
memória.
- Em Pinheiro Machado uma mulher
adquiriu 20 e tomou todos. A sorte dela é que havia sido enganada já que os
comprimidos eram falsos, senão, a morte era algo certo e, como forma terapêutica,
seu princípio ativo no Brasil é usado para a vida – Frisa.
Procurada, a mãe da menina se recusou a falar sobre o assunto.
A Polícia instaurou inquérito para apurar a responsabilidade.
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